Céu Infinito Sertão

Fabio Torres & São Paulo Havana Orquestra

A junção de músicos eruditos cubanos e brasileiros temperada pelo pandeiro do grande percussionista, Léo Rodrigues, é a marca desse novo trabalho, Céu Infinito Sertão, 5º álbum como líder do pianista e compositor paulistano vencedor do Grammy Award e do Latin Grammy, Fabio Torres.

Em visita a Havana, Fabio conheceu a maestra Daiana Garcia, diretora da Orquestra de Câmara de Havana, e encantou-se pelo talento e versatilidade extremos do grupo formado quase que exclusivamente por jovens mulheres.

A São Paulo-Havana Orquestra nasce do encontro de uma parte do grupo de Havana com grandes instrumentistas da Osesp, liderados por Pedro Gadelha no contrabaixo.

A camerata de 14 músicos, regida por Daiana Garcia, foi dada a missão de tocar as obras de Fabio Torres, algumas escritas especialmente para a ocasião.

O álbum ainda contou com as preciosas orquestrações de Tiago Costa, peça fundamental para alcançar a excelência pretendida por Fabio.

O músico conta que enxergou aí a oportunidade de ter grandes músicos eruditos que pudessem tocar a rítmica brasileira com perfeição e energia, uma vez que tanto no Brasil como em Cuba, as orquestras e seus instrumentistas acabam tendo essa prática da música popular.

Após dois concertos no Teatro Paulo Autran (Sesc Pompeia), em São Paulo, a gravação foi realizado em duas tardes no espetacular estúdio Monteverdi, tendo a captação e a mixagem à cargo do grande músico, André Mehmari.

O álbum abraça o universo jazzístico e brasileiro contido nas obras do pianista, com direito a improvisos inspirados de Fabio e também de Léo Rodrigues. Mas também será notada a influência da música erudita, da música de câmara, refletindo a formação acadêmica de Torres, graduado em composição pela ECA-USP.

O resultado é uma viagem sonora sem igual que comove e empolga o ouvinte ao longo das 07 faixas, sendo 06 delas autorais e uma – Amphibious –  do grande brasileiro Moacir Santos.

As faixas do novo álbum por Fabio Torres

1. Céu Infinito Sertão (Fabio Torres): a faixa título do álbum, contém a essência do projeto. Aí está o ritmo e a percussão brasileiras, as improvisações do jazz e também o rigor formal e performático da música de câmara erudita. O tema inicial também evoca a grande verve melódica da canção brasileira. A resposta do público diante de uma música de mais de 10 minutos com múltiplos desenvolvimentos foi a melhor possível e isso influenciou na decisão de abrir o álbum com essa obra inédita.

2. Venezuelana (Fabio Torres): tema inspirado no compasso 5/8 venezuelano e que traz o lirismo melódico brasileiro, com solos de piano e do contrabaixo de Pedro Gadelha. Grande trabalho de orquestração de Tiago Costa

3. Valsa de Cora (Fabio Torres): a música que o pianista fez para sua filha Cora, ainda na barriga da mãe, é uma valsa tipicamente brasileira, e encontrou sua melhor forma com a Orquestra de Cordas. Destaque para os solos do piano, da viola de Gabriel Marin e do violino de Luiz Amato.

4. Amphibious (Moacir Santos): essa faixa é única releitura do álbum. Num arranjo polifônico de Fabio Torres a melodia passeia pelos instrumentos do septeto formado por piano, Gadelha no contrabaixo, Amaya no cello, Gretchen Labrada na viola e destaque para os improvisos dos violinos de Javier Cantillo e Luiz Amato.

5. Lilya (Fabio Torres): a valsa gravada em seu 1º álbum, cantada por Fabiana Cozza, ganha orquestração primorosa de Tiago Costa em sua versão camerística instrumental.

6. Suíte (Fabio Torres): uma peça de fôlego com duas partes, sendo a primeira em 13/8 e a segunda um tema com variações sobre uma melodia de caráter mineiro. Solos jazzísticos se intercalam com muito trabalho da orquestra.

7. Pra esquecer das Coisas Úteis (Fabio Torres/Giana Viscardi): o choro canção ganha versão instrumental definitiva com o pandeiro e a orquestra de cordas fazendo brilhar a harmonia preciosa da peça.